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O OLHAR NÃO TREINADO NÃO VAI ALÉM DO QUE O SENSO COMUM REGISTRA. - MAGNANI 2007

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Atualizado: 8 de set. de 2021


Você já assistiu ao filme "E seu nome é Jonas"? Se você se interessa pela comunidade surda e sua língua, eu sugiro que você corra no youtube e assista ao filme.


Deixo aqui minha indicação com a resenha e tudo que eu achei sobre o filme. Se você NÃO gosta de spoiler, corre e vai assistir o filme, depois você volta aqui para ler o post. MAs, se você, assim com eu, não tem problema com spoiler e até gosta, pois, te instiga a assistir o filme, vem comigo, embarcar nessa leitura.


O diagnóstico que Jonas recebe é extremamente errado, pois, a criança surda é levada a um manicômio e fica por lá por três anos e quatro meses! Ou seja, três anos que a criança não foi tratada como deveria. Deixou de receber estímulos para o desenvolvimento cognitivo, estimo para o desenvolvimento de sua língua. Jonas é mandado para lá por puro colonialismo da parte daquele que assim o diagnosticou como alguém incompetente no aspecto social, comportamental e emocional.


Para uma família despreparada e ignorante em relação ao assunto da surdez é sempre arrasadora e a surdez causa diversos conflitos na família de Jonas. Pois, os familiares sempre olham para criança com sentimento de perda, luto. Pensam: “meu filho não terá amigos”, “meu filho não será o profissional que sonhei que seria” entre outros pensamentos, pois olham da perspectiva capacitista, onde olham e apenas enxergam um alguém defeituoso, incapaz. A tendência é esses familiares virarem alguém paternalista, se não procurarem entender o universo da surdez. Pois, pensam que o sujeito surdo é um fardo, e que precisará dele para o que for fazer. Passam a querer civilizar e ditar como eles devem ou podem se comportar, imitando aqueles que ouvem! Esses familiares que não o valor da cultura surda ou simplesmente o desconhece, estereotipa o surdo e o priva de sua história. Controlam a surdez sem conhece-la e torna o surdo um dependente de se.


Após identificado o erro de diagnóstico de Jonas, ele volta a morar com a família e é mandado para a escola especial que trata de surdos, ou seja, uma escola de ouvintista que tem o objetivo que consertar o surdo, o ensinando a oralizar e se comportar como ouvinte. Escola essa que é proibido a utilização de sinais. A língua natural de Jonas é a língua de sinais, porém ele não teve acesso imediato a ela e assim não podendo se comunicar espontaneamente em sua língua natural, mas Jonas tem a língua materna e apesar de ela dar significado a sua existência e possibilita-lo de existir enquanto sujeito psíquico, ela o excluí. Na escola Jonas não compreende com clareza tudo que passava em sua volta, o garoto não possui nenhum estímulo de aprendizado ou desenvolvimento do seu intelecto, ou cognição. Pois, os professores e a metodologia que a escola tem é fazer os surdos se comportarem com um indivíduo “normal”. A criança, que é incompreendida pelos seus pais, professores, familiares e colegas, com um tempo começa a ter seu emocional abalado e se torna agressiva. Com relações sociais estritamente minúsculas, pois os únicos que ainda mantém alguma relação é sua família.


Não é possível perceber o uso de códigos caseiros na família de Jonas, acredito que por falta de conhecimento do ser surdo e como lhe dar com ele, e acreditar que a melhor estratégia seria a imposição da oralização através da escola, que orienta a mãe do garoto a não deixa-lo recorrer aos sinais. No fim da trama vemos o esforço de sua mãe em procurar solução para o “problema da surdez” e encontrar na língua de sinais.

A relação estabelecida entre a família, profissionais de atendimento e a criança é uma relação que se baseia no colonialismo e no audismo. Pois, Jonas é colocado em situações de opressão, subjugação física, imposição da língua oral e controle da educação em nome do objetivo do colonizador, ou seja, em nome de “consertar” a criança. Além de a instituição que Jonas é colocado dar orientações quais aulas e locais ele deve frequentar, descrevem os surdos e são opiniões e declarações sobre eles. Exercendo assim autoridade sobre a família e os surdos que se encontram naquela instituição.


Antes de ter contato com a língua de sinais, Jonas não possui comunicação efetiva com a família, ele não pode ser compreendido e não os compreende com clareza. Jonas se identifica com o lugar de seu irmão e o traz como modelo, gostando das mesmas coisas que o seu irmão gosta, como, por exemplo, o homem aranha, incorpora o simbólico e inicia a construção do sujeito psíquico. Após Jonas aprender a língua de sinais, sua família embarca no mesmo processo de aprendizado e assim podem de maneira mais significativa não só, inclui-lo, mas compreende-lo e alargar sua comunicação. Acredito que após o contato com a língua de sinais a criança se identifica com os sujeitos que o ensina, pegando para si características das suas sinalizações.


A língua de sinais tem um impacto extremamente positivo na vida da criança surda, pois ele passa a compreender o mundo em que vive com mais clareza. Percebemos isso pela expressão em sua face como os sinais começam a fazer bem mais sentido na sua cabeça do que proferir sons que nem ele mesmo ouve. E agora o menino pode olhar-se e narra-se como um ser surdo.


Agora com essa nova possibilidade de comunicação e sem dúvidas mais cômoda, assertiva e compreensiva para a criança. Jonas pode legitimar as suas percepções visuais contribuem para construção de identidade, aceita-las e desenvolve-las. A língua de sinais é uma das principais marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais do sujeito surdo, e que vai levar o surdo a transmitir e proporcionar a aquisição de conhecimento universal.


E você concorda comigo? Deixa seu ponto de vista aqui nos comentários!

(o filme tem no youtube, legendado e dublado)


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Atualizado: 25 de mar. de 2021


"Listen to you hear" ou "Ouça seu coração" é um filme dirigido por Matt Thompson e produzido por Kent Moran, Luke Moran. Os dois são irmãos e Kent Moran além de produtor desse filme é um escritor, diretor de cinema americano, ator, mais conhecido por seu papel de protagonista no filme “Listem to you hear”, e também escreveu a música principal da trilha sonora, está que temo mesmo título do filme. O filme foi lançado em 4 de maio de 2011 na coreia do sul.


Deixo aqui minha indicação com a resenha e tudo que eu achei sobre o filme. Se você NÃO gosta de spoiler, corre e vai assistir o filme, depois você volta aqui para ler o post. MAs, se você, assim com eu, não tem problema com spoiler e até gosta, pois, te instiga a assistir o filme, vem comigo, embarcar nessa leitura.


Danny, um jovem solteiro cuja mãe teve um câncer no cérebro morreu, vive sozinho em um apartamento bagunçado, trabalha garçom em um café com meu melhor amigo e que sonha em ser compositor, se apaixona por Ariana, ao vê-la pela primeira vez no café. Ariana uma menina rica, órfão de pai cuja mãe tenta controla-la pelo fato de ela ser surda e utiliza sua surdez para arrancar-lhe o senhor de estudar música assim como seu pai. Ariana ficou surda na infância e sonha em voltar a ouvir para tornar seu sonho em realidade. Ela é incapaz de pode ouvir as músicas que Danny compôs inspiradas nela, mas isso não o impede de compor. Apesar da surdez de Ariana, eles constroem uma relação e superam as dificuldades passando a se comunicar através da língua de sinais. Mas a mãe de Ariana vai fazer de tudo para arruinar a relação deles.


A trama do filme é muito envolvente e emocionante. A trama não gira em volta da surdez em si. O filme traz uma mensagem de reflexão, “hoje é um ótimo dia para se estar vivo”, “ouça seu coração”, essa frase para mim, é muito mais que um simples alerta “siga seus sonhos’, “faça suas vontades”, “corra atrás daquilo que você quer”. Essa frase me faz refletir na literalidade dela, “ouça seu coração, hoje é de fato um ótimo dia para se estar vivo, pelo simples fato do seu coração está batendo”, é esplendido perceber que as coisas mais simples da vida, as que passam desapercebidas são as que mais importam. O protagonista Danny entende muito bem disso, pois ele mudou a vida não só da Ariana, encorajando-a a seguir seus sonhos e não deixar que ninguém e nada a impeça, como também a vida do seu amigo Roger, que lhe mostra uma lição, não é porque algo é difícil que não se vale a pena lutar, ou que não seja legal. Sem falar no George, um homem que está tentando sobreviver, lutando vendendo seus jornais, estes que ninguém quer comprar de um mal trapilho, mas Danny não, ele ajuda George todos os dias e quando surge a possibilidade de ele não poder continuar ajudando diariamente, ele entrega todas as suas economias para ele, sabendo que isso o ajudaria a melhorar vida.


Relacionado a surdez, esse é o filme que trata a surdez de maneira diferente de todas que eu já vi. Mostra uma surda, que ficou nessa condição na sua infância, mas que não tem contato algum com a comunidade surda, apesar que usar sinais e ter um intérprete lhe acompanhado de perto. Também retrata que o maior desejo dela é estudar música assim como seu pai, pela lembrança de seu pai tocando quando ela era criança. Cada ser humano tem sua particularidade e subjetividade é isso que os tornam diferentes. Na comunidade surda é da mesma forma. Ariana não nasceu surda, nunca teve nenhuma referência surda, nunca conversou com pessoas surdas (pelo menos o filme não retrata isso). É normal que ela queria voltar a ouvir, principalmente por sonhar seguir aquilo que era o seu pai. O filme termina com a Ariana implantada e oralizando quase, se não perfeitamente.


Além de inspirador o filme mostra a realidade de alguns surdos, que nunca tiveram a oportunidade de ter contato com a comunidade surda, que nunca tiveram uma referência de surdo, que nunca viu ou conversou com alguém surdo. Como também mostra o preconceito e as dificuldades diárias que essas pessoas, esse povo, passam.

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Como assim o batismo do sinal? Na comunidade surda, cada pessoa recebe um sinal em Libras. É como se substituísse o seu nome, aquele sinal vai representar quem você é. Quado você entra na comunidade surda, ou é apresentada a algum surdo, você precisa soletrar seu nome através do alfabeto manual (um empréstimo do português), e em seguida você diz qual o seu sinal, pois aquela será sua identificação na comunidade surda.


O ideal é que um surdo presentei o ouvinte com um sinal de batismo, muitos acham anti-ético ser batizado por um ouvinte. Mas isso vai de cada um, eu não conhecia nenhum surdo quando criei o meu sinal e é importe que você esteja satisfeita com o sinal que irá te identificar, seja ele dado a você por um surdo ou não. O que acontecia muito era que os surdos que ia palestrar na minha sala aquele tempo queria me batizar com um sinal relacionado a óculos e eu detestava, queria algo que fosse característico da minha personalidade, e nenhum surdo me conhecia o suficiente para saber o que era muito aparente em minha personalidade. Então, decidi começar a perguntar pessoas próximas de mim uma característica e todas sem exceção falaram a mesma coisa. "Geisiele, tu é muito fácil de rir", "tu é besta de mais para rir", "teu sorriso é frouxo". Foi quando eu decidi criar um sinal que se relacionasse com isso. Eu nunca fui crucificada na comunidade surda por isso, e muito menos excluída. E amo meu sinal!


Vou anexar um video que fala sobre o assunto em outra perspectiva.



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