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Foto do escritorGeisiele Cavalcante

"E seu nome é Jonas" o que você acha do filme?

Atualizado: 8 de set. de 2021


Você já assistiu ao filme "E seu nome é Jonas"? Se você se interessa pela comunidade surda e sua língua, eu sugiro que você corra no youtube e assista ao filme.


Deixo aqui minha indicação com a resenha e tudo que eu achei sobre o filme. Se você NÃO gosta de spoiler, corre e vai assistir o filme, depois você volta aqui para ler o post. MAs, se você, assim com eu, não tem problema com spoiler e até gosta, pois, te instiga a assistir o filme, vem comigo, embarcar nessa leitura.


O diagnóstico que Jonas recebe é extremamente errado, pois, a criança surda é levada a um manicômio e fica por lá por três anos e quatro meses! Ou seja, três anos que a criança não foi tratada como deveria. Deixou de receber estímulos para o desenvolvimento cognitivo, estimo para o desenvolvimento de sua língua. Jonas é mandado para lá por puro colonialismo da parte daquele que assim o diagnosticou como alguém incompetente no aspecto social, comportamental e emocional.


Para uma família despreparada e ignorante em relação ao assunto da surdez é sempre arrasadora e a surdez causa diversos conflitos na família de Jonas. Pois, os familiares sempre olham para criança com sentimento de perda, luto. Pensam: “meu filho não terá amigos”, “meu filho não será o profissional que sonhei que seria” entre outros pensamentos, pois olham da perspectiva capacitista, onde olham e apenas enxergam um alguém defeituoso, incapaz. A tendência é esses familiares virarem alguém paternalista, se não procurarem entender o universo da surdez. Pois, pensam que o sujeito surdo é um fardo, e que precisará dele para o que for fazer. Passam a querer civilizar e ditar como eles devem ou podem se comportar, imitando aqueles que ouvem! Esses familiares que não o valor da cultura surda ou simplesmente o desconhece, estereotipa o surdo e o priva de sua história. Controlam a surdez sem conhece-la e torna o surdo um dependente de se.


Após identificado o erro de diagnóstico de Jonas, ele volta a morar com a família e é mandado para a escola especial que trata de surdos, ou seja, uma escola de ouvintista que tem o objetivo que consertar o surdo, o ensinando a oralizar e se comportar como ouvinte. Escola essa que é proibido a utilização de sinais. A língua natural de Jonas é a língua de sinais, porém ele não teve acesso imediato a ela e assim não podendo se comunicar espontaneamente em sua língua natural, mas Jonas tem a língua materna e apesar de ela dar significado a sua existência e possibilita-lo de existir enquanto sujeito psíquico, ela o excluí. Na escola Jonas não compreende com clareza tudo que passava em sua volta, o garoto não possui nenhum estímulo de aprendizado ou desenvolvimento do seu intelecto, ou cognição. Pois, os professores e a metodologia que a escola tem é fazer os surdos se comportarem com um indivíduo “normal”. A criança, que é incompreendida pelos seus pais, professores, familiares e colegas, com um tempo começa a ter seu emocional abalado e se torna agressiva. Com relações sociais estritamente minúsculas, pois os únicos que ainda mantém alguma relação é sua família.


Não é possível perceber o uso de códigos caseiros na família de Jonas, acredito que por falta de conhecimento do ser surdo e como lhe dar com ele, e acreditar que a melhor estratégia seria a imposição da oralização através da escola, que orienta a mãe do garoto a não deixa-lo recorrer aos sinais. No fim da trama vemos o esforço de sua mãe em procurar solução para o “problema da surdez” e encontrar na língua de sinais.

A relação estabelecida entre a família, profissionais de atendimento e a criança é uma relação que se baseia no colonialismo e no audismo. Pois, Jonas é colocado em situações de opressão, subjugação física, imposição da língua oral e controle da educação em nome do objetivo do colonizador, ou seja, em nome de “consertar” a criança. Além de a instituição que Jonas é colocado dar orientações quais aulas e locais ele deve frequentar, descrevem os surdos e são opiniões e declarações sobre eles. Exercendo assim autoridade sobre a família e os surdos que se encontram naquela instituição.


Antes de ter contato com a língua de sinais, Jonas não possui comunicação efetiva com a família, ele não pode ser compreendido e não os compreende com clareza. Jonas se identifica com o lugar de seu irmão e o traz como modelo, gostando das mesmas coisas que o seu irmão gosta, como, por exemplo, o homem aranha, incorpora o simbólico e inicia a construção do sujeito psíquico. Após Jonas aprender a língua de sinais, sua família embarca no mesmo processo de aprendizado e assim podem de maneira mais significativa não só, inclui-lo, mas compreende-lo e alargar sua comunicação. Acredito que após o contato com a língua de sinais a criança se identifica com os sujeitos que o ensina, pegando para si características das suas sinalizações.


A língua de sinais tem um impacto extremamente positivo na vida da criança surda, pois ele passa a compreender o mundo em que vive com mais clareza. Percebemos isso pela expressão em sua face como os sinais começam a fazer bem mais sentido na sua cabeça do que proferir sons que nem ele mesmo ouve. E agora o menino pode olhar-se e narra-se como um ser surdo.


Agora com essa nova possibilidade de comunicação e sem dúvidas mais cômoda, assertiva e compreensiva para a criança. Jonas pode legitimar as suas percepções visuais contribuem para construção de identidade, aceita-las e desenvolve-las. A língua de sinais é uma das principais marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais do sujeito surdo, e que vai levar o surdo a transmitir e proporcionar a aquisição de conhecimento universal.


E você concorda comigo? Deixa seu ponto de vista aqui nos comentários!

(o filme tem no youtube, legendado e dublado)


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